Para que saber cultura se eu só quero me comunicar em espanhol?

Para que saber cultura se eu só quero me comunicar em espanhol?

14 de outubro de 2019 0 Por Wanda

O fator cultural no processo de aprendizagem como forma de entender o outro.

FAZENDO NEGÓCIOS

Prescindir da cultura em qualquer área mas, principalmente na área dos negócios internacionais, é um erro que as empresas, por vezes, pagam muito caro.

Quero começar ressaltando que, apesar de estar comprovado o fato da interculturalidade ter uma influência muito grande sobre o processo de internacionalização de uma empresa e a sua durabilidade, a maioria das escolas que ofertam espanhol para negócios, não desenvolveu um programa ou estratégia que prepare empresários em competências interculturais. E isto eu mesma pude verificar quando participei como facilitadora em várias rodadas de negócios em Bento Gonçalves.

Porque não basta com simplesmente aprender espanhol; ou lidar com o velho critério universalista onde é suficiente com falar inglês como único idioma universal dos negócios ou oferecer um produto que vai gerar demanda e se vender por si só.

No mundo globalizado, encontros interculturais são — hoje mais do que nunca — uma realidade e uma urgência para quem pretende fazer negócios longe de casa, migrar por razões econômicas ou acadêmicas, estabelecer missões diplomáticas ou simplesmente empreender uma viagem turística.

A exposição a diferentes culturas é um fenômeno de longa data que, nas últimas décadas, aumentou graças ao avanço tecnológico nas comunicações, à expansão do comércio internacional e à necessidade dos seres humanos de transcender suas próprias barreiras físicas e mentais e se aventurar mundo afora.

A natureza global e mutável dos negócios internacionais, aumenta a necessidade de interagir com empresas estrangeiras e fazer incursões em diferentes mercados. Embora a motivação inicial para a realização de negócios externos seja o desejo de ampliar os mercados e projetar o negócio, há um aspecto que é subestimado e que em algumas ocasiões se torna um obstáculo para alcançar resultados bem sucedidos em um negociação internacional: o fator cultural.

A cultura não está à margem das novas dinâmicas globais. Enquanto o multiculturalismo se limita a compartilhar espaços, a interculturalidade produz interações positivas entre os membros de uma comunidade, seja no mundo diplomático, acadêmico ou empresarial e administrativo.

Quando há encontros entre empresas pertencentes a diferentes culturas, há facilmente uma série de mal entendidos por causa da ignorância dos diferentes conceitos culturais dos participantes.

Esses confrontos culturais, por vezes, impedem as empresas de desenvolver com sucesso as suas estratégias internas, o que implica que grandes esforços financeiros, estratégicos e logísticos se percam no caminho e as negociações se vejam ameaçadas.

Por esta razão, a colocação do fator intercultural como um dos pontos principais da agenda de negociação, é essencial para que as estratégias das empresas, não sejam frustradas no primeiro contato.

Por isso, para ajudar você neste primeiro contato com outra cultura coloquei, de modo geral, algumas diferenças para serem levadas em conta ao momento de uma negociação:

PAÍSES ASIÁTICOS, ÁRABES, AFRICANOS E LATINOS:  

  1. A comunicação é indireta e as regras e valores estão implícitos, não são necessariamente expressos verbalmente mas, de forma ambígua através do corpo e da linguagem gestual.
  2. A comunicação direta é considerada muito fria e até mesmo prejudicial para o desenvolvimento adequado da comunicação. Pensa-se que a sinceridade e precisão ao falar podem ferir e até mesmo ofender.
  3. As negociações são demoradas e os processos mais lentos (devido ao jeito aprazível de levar os negócios); o cumprimento dos contratos e da lei depende das circunstâncias; os dados acordados não são definitivos.
  4. É mais importante desenvolver laços de amizade e de confiança entre as partes; a palavra prevalece sobre disposições legais e formais e além disso, a linguagem silenciosa (aquela que se percebe, se sente) é decisiva para que o negócio se desenvolva com sucesso.

OS PAÍSES ANGLO-SAXÔNICOS, ESCANDINAVOS E EUROPEUS:

  1. O ambiente não é tão importante e sim, os documentos escritos e o uso de linguagem explícita e direta. Ser franco e falar com precisão e clareza não é percebido com intenção de ofender, mas de se envolver em uma boa comunicação, livre de interpretações erradas.
  2. As palavras e linguagem verbal são o veículo preferencial para transmitir a maioria das informações.
  3. Nas negociações procuram a exatidão dos detalhes do contrato e o rápido fechamento do mesmo.
  4. Eles não consideram apropriado misturar negócios com vida pessoal.
  5. O tempo é diretamente proporcional à produtividade. A frase: “time is money” se aplica muito bem a estas culturas.

No campo dos negócios, os anglo-saxões gerem a relação a partir do reconhecimento pessoal das suas capacidades de negociação e dos interesses particulares da própria empresa. Por outro lado, os negociadores latinos, orientais e árabes centram a negociação na confiança ou laços de amizade que possam estabelecer com o seu interlocutor.

Pontualidade

Enquanto que para um colombiano ou um argentino, por exemplo, estar pelo menos 15 minutos atrasado para um compromisso é normal e até aceitável, estar dez minutos atrasado para uma reunião de negócios com um parceiro estrangeiro pode frustrar uma negociação, já que para a outra parte isso significaria falta de seriedade e pode julgar o negócio com base nessa premissa.

Se a existência de características culturais específicas não forem levadas em consideração, o empresário poderia interpretar como antipatia a seriedade, a distância e a formalidade dos alemães ou não estaria suficientemente preparado para responder, por exemplo, às características negociadoras típicas dos americanos, como o radicalismo e a inflexibilidade nas mesas de negociação.

Em conclusão

Cenários onde interagem duas ou mais culturas não devem subestimar a sensibilidade e a capacidade de compreender ou adaptar-se a outras formas de ver o mundo. Estudos têm demonstrado que não basta o profissionalismo e o conhecimento técnico que os empresários possuem se não gerenciarem uma ampla consciência intercultural que identifique todas as variáveis culturais envolvidas no negócio internacional da empresa.

Pense nisso ao momento de contratar alguém que vai lhe ajudar na sua empresa, na sua viagem de negócios internacionais, no seu próximo passeio turístico ou até mesmo seu intercâmbio.

Espero ter ajudado.

Nos vemos en breve.

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Con cariño,

Wanda.